O divulgador científico Sérgio Sacani causou repercussão nas redes sociais após um trecho de suas declarações em um podcast viralizar. Ele relatou que estudantes da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina) invadiram sua palestra sobre mudanças climáticas, realizada durante a Sepex 2024.
Segundo Sacani, o evento contaria com a participação dele, do psicólogo Eslen Delanogare e da professora Regina Rodrigues para debater o tema. No entanto, o divulgador afirmou que a apresentação foi interrompida por manifestantes que discordaram da composição da mesa.
“Os caras invadiram a mesa e falaram: ‘Essa mesa não representa ninguém.’ Eles queriam um índio, uma trans, um viado e um negro”, declarou Sacani durante a entrevista.
Representantes da UFSC desmentem episódio envolvendo Sérgio Sacani durante palestra
Em uma publicação no X (antigo twitter), a jornalista Amanda Miranda, afirma que cobriu o evento pela Universidade Federal de Santa Catarina. Ela lamentou a declaração de Sérgio Sacani e desmentiu o cientista.
“Sou jornalista da UFSC e cobri essa mesa. De fato somos uma universidade inclusiva, aberta e plural, mas não trabalhamos com mentiras. Isso não aconteceu! Lamentável uma pessoa com visibilidade e influência lançar um factoide absurdo para achincalhar a universidade pública”, escreveu em uma publicação no X.
O secretário de comunicação da UFSC, responsável pela organização da Sepex 2024, Marcus Paulo Pessôa, disse que o episódio não foi uma invasão. “O que aconteceu foi que, antes do evento, quando as portas do auditório foram abertas, alguns estudantes foram lá muito respeitosamente e levaram faixas, com alguns protestos”.
Ele destaca ainda que as manifestações não foram destinadas a Sacani, mas sim em relação a outro palestrante presente na mesa. “Eles queriam manifestar em relação à abordagem que o Eslen (Delanogare), que é psicólogo, com mestrado e doutorado aqui pela UFSC. A manifestação foi pela linha que ele adota na carreira dele, a visão que ele tem”.
Marcus afirma que os protestos foram tratados como naturais, visto que o ambiente universitário é democrático e plural. “Os convidados em nenhum momento foram hostilizados, vaiados ou atacados de forma alguma”.
“As pessoas estavam protestando, em relação à abordagem, a linha adotada, a visão que o Eslen tem da psicologia e também à falta de representatividade da mesa”. Marcus disse ainda que as faixas que foram colocadas na mesa foram posicionadas ao chão por “entender que a universidade é um espaço amplo e plural”.
Declaração de Sacani foi infeliz, diz secretário
Marcus Paulo Pessôa destacou que Sérgio Sacani foi extremamente infeliz nas declarações. “É ofensiva para a nossa universidade, ofensiva para os grupos oprimidos na sociedade, então acho que é uma declaração que merece ser repudiada”, disse.
“A nossa universidade quer valorizar o trabalho que tanto o Eslen quanto o Sérgio têm desenvolvido na divulgação científica, apesar de reconhecer essas contradições que existem de posicionamentos”, destacou Pessôa.
O secretário classificou a fala do cientista como “grosseria” e lamentou o episódio. “Ficamos muito contentes, recebemos ele de forma muito muito digna, à altura da carreira dele, e realmente ficamos muito chateados de ver que toda a recepção e hospitalidade que ele recebeu aqui, acabou ficando em segundo plano”, lamentou.
Veja o momento da declaração
Sou jornalista da UFSC e cobri essa mesa. De fato somos uma universidade inclusiva, aberta e plural, mas não trabalhamos com mentira. Isso não aconteceu! Lamentável uma pessoa com visibilidade e influência lançar um factoide absurdo para achincalhar a universidade pública! https://t.co/MPcoJY52oV
— Amanda Miranda (@amanda_miranda) December 17, 2024
Nas redes sociais, palestrante explicou o tumulto
O psicólogo Eslen Delanogare, que teria sido o alvo das manifestações por estudantes da UFSC, compartilhou uma publicação no X (antigo Twitter) explicando o tumulto. “Alguns minutos após a abertura das portas, algumas pessoas tumultuaram protestando contra a representatividade da mesa, alegando que ela não representava as minorias”, escreveu.
Ele afirma que ninguém invadiu a mesa durante a palestra. “Mas queriam boicotar, sim, o evento, provavelmente por motivações políticas. Ninguém é ingênuo de negar isso”, continuou.
Ele alegou que a equipa da UFSC precisou intervir e retirar uma das faixas coladas na mesa. “Ao removê-la, a plateia aplaudiu, mostrando que o barulho vinha de pouquíssimas pessoas e que a maioria nos apoiava”.
Eslen postou um vídeo onde mostra a plateia aplaudindo a mesa de palestrantes ao final do evento e citou o episódio como uma “tentativa de boicote”. “Isso mostra que, apesar de parecer o contrário — devido ao barulho de um pequeno grupo —, há muitos professores e estudantes na universidade que levam a educação a sério”, finalizou.
Em novembro, eu e o @SpaceToday1 fomos falar na mesa de abertura da SEPEX, na UFSC. Alguns minutos após a abertura das portas, algumas pessoas tumultuaram protestando contra a representatividade da mesa, alegando que ela não representava as minorias.
Segue o fio pic.twitter.com/cbtHMqNTGn— Eslen Delanogare (@eslendelanogare) December 18, 2024
A redação do ND Mais tentou contanto com Sérgio Sacani, mas até o fechamento desta edição, não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.