O idioma é uma das características mais importantes de um povo, pois reflete sua cultura, história, e a forma de ver o mundo das pessoas que o falam. Pensando nisso, o pesquisador Tim Lomas, da Universidade do Leste de Londres, começou a criar uma espécie de enciclopédia de termos “intraduzíveis”, entre elas, algumas palavras em português.
Assim como em português, existem palavras em outros idiomas que são intraduzíveis. No idioma bantu, por exemplo, existe a mbuki-mvuki, que significa algo como o ato de “despir-se impulsivamente das roupas para dançar livremente”.
Em entrevista para a BBC, Lomas disse que começou a estudar o assunto depois que ouviu uma palestra sobre o conceito finlandês de “sisu”, que é uma espécie de “determinação extraordinária diante da adversidade”.
De acordo com falantes de finlandês, as ideias inglesas de “coragem”, “perseverança” ou “resiliência” não chegam nem perto de descrever a força interior em seu termo nativo. Era “intraduzível” no sentido de que não havia outra palavra equivalente que pudesse capturar sua mensagem profunda.
Intrigado, ele começou a pesquisar mais exemplos, vasculhando a literatura acadêmica e pedindo sugestões próprias a cada conhecido estrangeiro.
Os primeiros resultados do projeto foram publicados no Journal of Positive Psychology, mas alguns exemplos podem ser vistos abaixo.
3 palavras em português que não existem em outros idiomas:
- Desbundar – perder a compostura, o controle sobre si mesmo. Também pode significar deslumbramento, admiração ou espanto, ou então provocar desconforto, desconcertar as pessoas;
- Saudade – sentimento melancólico ou nostalgia por uma pessoa, lugar ou coisa que está distante, seja espacialmente ou no tempo – uma vaga e sonhadora melancolia por fenômenos que podem nem existir;
- Desenrascanço – a capacidade de resolver problemas e situações difíceis de forma rápida e fácil.
Outras palavras que são “intraduzíveis” em outros idiomas:
- Shinrin-yoku (japonês) – o relaxamento obtido ao tomar banho na floresta, figurativa ou literalmente;
- Gigil (Tagalog) – a vontade irresistível de beliscar ou apertar alguém porque é amado ou querido;
- Yuan bei (chinês) – uma sensação de realização completa e perfeita;
- Iktsuarpok (Inuit) – a expectativa que se sente ao esperar por alguém, quando se fica olhando ou cuidando para verificar se a pessoa chegou;
- Natsukashii (japonês) – um sentimento nostálgica do passado, com alegria pela lembrança querida, mas tristeza por não existir mais;
- Wabi-sabi (japonês) – Uma beleza sombria e desolada focada na passagem do tempo e imperfeição;
- Sehnsucht (alemão) – “anseio de vida”, um desejo intenso por estados e realizações de vida alternativos, mesmo que sejam inatingíveis;
- Dadirri (termo aborígene australiano) – um ato profundo e espiritual de escuta reflexiva e respeitosa;
- Pihentagyú (húngaro) – significa literalmente “com o cérebro relaxado”, descreve pessoas perspicazes que podem inventar piadas ou soluções sofisticadas;
- Sukha (sânscrito) – felicidade genuína e duradoura, independente das circunstâncias;
- Orenda (Huron) – o poder da vontade humana de mudar o mundo diante de forças poderosas como o destino.
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